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Lançamento de livro reforça a importância da comunicação para o licenciamento ambiental

Na noite do dia 30 de maio, a Livraria da Vila recebeu cerca de sessenta pessoas para o lançamento do livro "Planejamento Estratégico de Comunicação para o Licenciamento Ambiental", de autoria de Backer Ribeiro Fernandes, que é Doutor em Ciências da Comunicação e sócio fundador da Communità Comunicação Socioambiental. O livro é baseado em sua tese de doutorado, defendida na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP).

 

O evento contou com uma palestra sobre a importância da comunicação para os processos de licenciamento ambiental, bem como discutiu prática de ações de sustentabilidade e responsabilidade social. Estiveram presentes para debater o tema a Profa. Dra. Margarida Kunsch, diretora da ECA/USP; Eliel Cardoso, gerente de comunicação da EMTU, e Dra. Tatiana Barreto Serra, secretária-executiva do GAEMA - Ministério Público do Estado de São Paulo. O autor deu as boas-vindas, introduziu o livro e mediou as apresentações.

 

O livro faz um resgate e análise dos planos e programas de comunicação contidos nos estudos de impacto de licenciamento ambiental no Estado de São Paulo ao longo de 25 anos. De acordo com Backer “as empresas vem tentando inserir no contexto da organização a questão da sustentabilidade, da qualidade de vida, de impactar e preservar o meio ambiente de hoje para as gerações futuras”. Backer afirmou que existe um papel maior da comunicação além daquele papel de formar pautas e de influenciar a opinião pública. Sua função é promover a participação e integração social, além de mediar conflitos e interesses para alcançar o tripé econômico, social e ambiental da sustentabilidade. “É preciso dialogar com a sociedade e ouvir suas propostas, debater ideias que possam melhorar o empreendimento, saber exatamente onde mitigar e compensar os danos ambientais”, defende.

 

Do mesmo modo, a Profa. Margarida Kunsch iniciou sua fala dizendo que “O Backer pega um aspecto que eu considero fundamental. Primeiro, não se consegue mudar o status quo apenas com o trabalho de uma grande empresa que vai querer desenvolver todo o empreendimento apenas tendo aquela licença oficial, como é predominante nos tempos atuais”. Para ela, focar apenas na questão econômica ou nas obrigatoriedades oficiais é uma visão reducionista que não contempla a complexidade contemporânea. Ela vai além e defende que o desenvolvimento social é o mais difícil a ser alcançado no tripé da sustentabilidade e citou uma concepção de sustentabilidade de Leonardo Boff que diz que “as mudanças para uma nova consciência social e política deve cobrir todos os territórios da realidade que vão desde pessoas, comunidades, a cultura, a política, a indústria, as cidades e, principalmente, ao planeta terra com seus ecossistemas. Sustentabilidade é um modo de ser e de viver que exige alinhar as práticas humanas às potencialidades das presentes e futuras gerações”.

 

Margarida também complementou dizendo que as pesquisas do centro de estudos da ECA revelam que as políticas de comunicação para a gestão da sustentabilidade das empresas ainda são muito voltadas para a divulgação. Divulgam o que elas promovem, mas falta um engajamento muito maior. “Falta um trabalho mais consciente e mais crítico com as comunidades locais. Estudos prévios de impactos não podem ser rasteiros. A contribuição que a comunicação pode dar não é só aquela que vai fazer um trabalho de assessoria de imprensa e que vai divulgar, mas aquela que trabalha com os segmentos dos públicos envolvidos. É uma maior consciência das comunidades. Isso na prática é difícil”, afirmou.

 

Eliel Cardoso, gerente de comunicação da EMTU, falou em seguida e iniciou com um questionamento comum das empresas que desconhecem o trabalho de comunicação socioambiental. “Por que eu tenho que ir lá na obra e falar com a comunidade? Eu vou lá, faço a obra e acabou”, disse. Por meio do exemplo real da EMTU, Eliel afirmou que o Estado delegou que toda obra da empresa deveria ter um trabalho de comunicação social e qualquer projeto que a empresa empreenda deve ter, por obrigatoriedade, um trabalho de comunicação com as comunidades impactadas. Ele narrou que tudo começou na obrigatoriedade e que todas as obras da empresa tiveram um trabalho de comunicação desde 2010.

 

O trabalho de comunicação socioambiental mais emblemático, de acordo com Eliel, foi a obra no corredor Itapevi-Jandira, em que a comunidade era muito carente e precisava de auxílio no processo de desapropriação. “Começamos um trabalho de comunicação com a comunidade, a princípio obrigatório, mas tivemos um resultado tão fantástico que isso foi embutido na filosofia da empresa hoje”. Esse avanço de consciência foi notável quando Eliel defendeu que “se não fosse obrigatório a gente fazer um trabalho de comunicação, nesses termos, a gente faria mesmo assim”. Ele finalizou afirmando que, hoje, a EMTU se tornou uma empresa parceira de cada morador e que isso foi um avanço muito importante.

 

Finalizando as apresentações, a Dra. Tatiana Barreto buscou informar os participantes sobre discussões, processos e práticas dos órgãos públicos do qual participa. Como promotora de justiça da área ambiental e conselheira do Consema ela defende categoricamente que participar significa passar a informação correta para as pessoas, capacitá-las para que elas tenham condições de participar de um diálogo em que todos os interesses sejam considerados, além do interesse econômico. Para isso é necessário que todos os impactos gerados na execução da obra sejam contemplados desde o início dos estudos.

 

Dra. Tatiana também chamou atenção dizendo que estamos indo na contramão da tomada de decisão consciente ao citar os dois projetos de lei que estão tramitando na Câmara dos Deputados e no Senado. “Esses projetos alteram drasticamente o processo de Licenciamento Ambiental, afastando toda a participação social ou minimizando a um patamar menor do que nós temos atualmente”, afirmou. O Consema já divulgou pelo Ministério Público notas de repúdio a esses dois Projetos de Leis. “A comunidade precisa ser esclarecida pelo que está sendo decidido em nome dela para que ela possa participar”, finalizou.

 

 Logo após as apresentações, foi realizada uma sessão de autógrafos e um coquetel. Amigos, comunicadores e autoridades como José Augusto Perrotta, Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento – CNEN, Alexandre Damásio, Advogado e Ana Maria Iversson, Diretora da empresa JGP, prestigiaram o encontro e compartilharam o lançamento da obra que promete ser um marco na comunicação socioambiental. “Sem dúvida, foi um dia muito importante não só para mim, mas para todos os profissionais da área de comunicação e meio ambiente. Creio que essa seja apenas a primeira etapa de um longo projeto que temos pela frente a fim de aumentar a conscientização de empresas, governos e sociedade acerca do tema”, finalizou Backer.

 

 

fonte: Communità

 

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